ABRA lança diagnóstico da reciclagem animal no País

Estudo da ABRA, 2º Diagnóstico da Indústria Brasileira de Reciclagem Animal apresenta dados atualizados do setor, com informações sobre a produção de farinhas e gorduras feitas a partir do processamento de coprodutos animais. Foto: Divulgação
Estudo da ABRA, 2º Diagnóstico da Indústria Brasileira de Reciclagem Animal apresenta dados atualizados do setor, com informações sobre a produção de farinhas e gorduras feitas a partir do processamento de coprodutos animais. Foto: Divulgação

A Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) lançou, nesta quinta-feira, 10 de dezembro, o 2º Diagnóstico da Indústria Brasileira de Reciclagem Animal. O estudo apresenta dados atualizados do setor, com informações sobre a produção de farinhas e gorduras feitas a partir do processamento de coprodutos animais.

Este é o segundo estudo completo sobre o setor feito pela entidade. O primeiro foi divulgado em 2011 e, de acordo com Cátia Macedo, gestora de projetos da ABRA, os objetivos principais da publicação são mostrar uma fotografia atual do segmento, apontar o potencial econômico da reciclagem animal no País e destacar a importância ambiental dessa atividade. Traz também os números de exportações, empregos e impostos gerados pelas indústrias desse segmento.

As indústrias de reciclagem animal, diz Cátia, “são vitais para toda a cadeia produtiva de carnes brasileira”. “Em 2014, elas processaram 12,4 milhões de toneladas de coprodutos, como vísceras, sangue e ossos de bovinos, suínos e aves. Foram 5,3 milhões de toneladas de farinhas e gorduras produzidas no Brasil, ingredientes importantes para fabricação de rações (aves, suínos, peixes e pets), de biodiesel, de produtos de higiene e cosméticos, de fertilizantes e de itens como vernizes e lubrificantes”, informa.

Sem o processamento, explica a gestora, os resíduos dos abates em frigoríficos e abatedouros seriam descartados no meio ambiente, inviabilizando a produção sustentável no país.

Ela ainda faz questão de ressaltar que o Diagnóstico mostra uma evolução das indústrias de reciclagem animal no Brasil no que diz respeito à adequação aos padrões nacionais e internacionais de produção de farinhas e gorduras de origem animal, principalmente no aspecto da biosseguridade e sustentabilidade.

Sobre a produção, as indústrias atingiram R$ 5,3 milhões de toneladas de farinhas e gorduras a partir do processamento de 12,4 milhões de coprodutos de origem animal.

“Os números mostram a grandiosidade e a importância econômica do setor. Outra prova disso são as exportações que somaram 43 milhões de toneladas em 2014”, ressalta Cátia.

O II Diagnóstico da Indústria Brasileira de Reciclagem Animal apresenta dados atualizados do setor, com informações sobre a produção de farinhas e gorduras feitas a partir do processamento de coprodutos animais. Foto: Divulgação
O 2º Diagnóstico da Indústria Brasileira de Reciclagem Animal apresenta dados atualizados do setor, com informações sobre a produção de farinhas e gorduras feitas a partir do processamento de coprodutos animais. Foto: Divulgação

O ESTUDO

O 2º Diagnóstico da Indústria Brasileira de Reciclagem Animal, conforme a gestora de projetos, é resultado de um trabalho minucioso, elaborado “por profissionais competentes e com extremo conhecimento da área” e não se baseia apenas nas indústrias associadas à ABRA. Por isto, ele é um retrato real do setor no Brasil.

Ainda esclarece que o documento “apresenta dados detalhados sobre toda a cadeia produtiva de farinhas e óleos de origem animal, como: volume de produção, mercado consumidor interno, exportações, empregos e impostos gerados e o Produto Interno Bruto (PIB) do setor“. “O levantamento ainda mostra o número de indústria existentes e onde elas estão localizadas”, acrescenta.

O estudo leva em conta duas perspectivas: a primeira, sobre os dados gerados pelo Ministério da Agricultura Abastecimento e Pecuária (Mapa), que se referem às indústrias com Inspeção Federal; a segunda é uma estimativa do setor como um todo, levando em consideração as indústrias sob a fiscalização Federal, Estadual e Municipal.

“Infelizmente, ainda não temos uma base consolidada desses dados, por isso geramos dois dados: o oficial, que são indústrias com SIF, e uma estimativa”, diz.

Um dos pontos, no entanto, que Cátia Macedo considera que merece ser destacado “é o número de empregos diretos gerados pelas Fábricas de Produtos Não Comestíveis (FPNCs), que chega a 39.730”. ”Outro ponto muito importante é o volume de matéria-prima processada: mais de 12 bilhões de quilos de coprodutos processados que deixaram de ser descartados no meio ambiente e foram transformados em produtos de alto valor agregado.”

 

REGULAMENTAÇÕES

Outro item destacado pela gestora da ABRA é o grande potencial de crescimento do setor. Mas em sua opinião, isto depende de algumas regulamentações e atualização de normas da atividade, para ampliar ainda mais a oferta de matéria-prima e permitir o processamento de número maior de subprodutos animais.

“A regulamentação da coleta das carcaças de animais mortos em propriedades, por exemplo, pode dar ao setor um ganho de produção de 13,6% por ano. Trata-se de uma uma oportunidade que a ABRA tem trabalhado para se tornar realidade para as indústrias do setor.”

Outro ponto, ressalta, é a questão de benefícios fiscais que o setor ainda não possui. “Nossa atividade é de utilidade pública, pois cuidamos para que resíduos da cadeia da carne, as partes não comestíveis, não sejam descartados no meio ambiente. O reconhecimento pelas autoridades como um setor de utilidade pública traria grandes benefícios ao setor e é possível afirmar que para a cadeia da carne como um todo.”

 

A INSTITUIÇÃO

A Associação Brasileira de Reciclagem Animal foi fundada em 2006 e congrega, atualmente, 22 grupos de indústrias recicladoras de resíduos de origem animal e 119 plantas produtoras, responsáveis por quase 70% de toda a produção nacional e por 85% das exportações de farinhas e 72% das vendas externas de gorduras animais.

O objetivo da ABRA é representar o setor de reciclagem animal e destacar a importância econômica, social e ambiental dessa atividade, bem como prezar pela qualidade, sanidade e sustentabilidade da produção.

Cátia destaca que a entidade sempre esteve atenta às necessidades do setor e às demandas do mercado consumidor.  Em 2012, criou o Programa ABRA que Aqui Tem Qualidade (AATQ), com as primeiras ações práticas iniciadas em 2015.

“Com isto, a associação pretende capacitar as indústrias para adotar boas práticas de produção e criar, por meio da acreditação das unidades de fabricação, rastreabilidade e certificação da produção brasileira das farinhas e gorduras de origem animal”, comenta gestora. “Desta forma, a entidade pretende gerar mais confiança a toda cadeia produtiva e contribuir para a abertura de novos mercados.”

Ela relata que, em novembro de 2012, a ABRA assinou um convênio com a Agência Brasileira de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), programa denominado Brazilian Renderers, que tem como objetivo promover as farinhas e gorduras de origem animal produzidas no Brasil e permitir a ampliação de indústrias brasileiras de reciclagem animal no mercado internacional.

“Esta parceria vem trazendo grandes benefícios ao setor, como a divulgação das farinhas e gorduras de origem animal brasileiras no exterior.”

 

Por equipe SNA/SP

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp