Abertura de mercado pode mudar indústria de alimentos, afirma Roberto Rodrigues

Roberto Rodrigues: "O País, por meio de acordos bilaterais, deve negociar com seus principais parceiros de consumo, para que haja uma aceitação, de forma crescente, na importação de produtos industrializados”
Roberto Rodrigues: “O Brasil, por meio de acordos bilaterais, deve negociar com seus principais parceiros de consumo, para que haja uma aceitação, de forma crescente, na importação de produtos industrializados”. Foto: Raul Moreira

A indústria de alimentos tem avançado de maneira notável no Brasil, graças a fatores como tecnologia, por exemplo, que garante a consumidores nacionais e estrangeiros produtos de qualidade a preços competitivos. No entanto, a grande melhoria do setor poderá acontecer com a abertura de mercado. É o que afirma o ex-ministro da Agricultura e presidente do LIDE Agronegócios, Roberto Rodrigues.

“Há um problema emergente da crise que reduziu o consumo de produtos industrializados. Mas uma questão relevante é que os países importadores ainda preferem comprar matéria prima e transformar a commodity em alimento industrializado. Isso tira do Brasil a condição de agregar valor ao produto básico, e tira também emprego e renda do agronegócio”, observa Rodrigues, que também é membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

“Então, seria interessante que o País, por meio de acordos bilaterais, negociasse com seus principais parceiros de consumo, para que haja uma aceitação, de forma crescente, na importação de produtos industrializados”, observa Rodrigues.

O ex-ministro – que será o coordenador de alguns dos debates do 4º Fórum Brasileiro da Indústria de Alimentos, em 17 de junho, em Goiânia (GO) – assinala que a abertura de mercado permite que um país receba produto com valor agregado e outro, por sua vez, aumente a produção da indústria alimentícia, para atender a demanda global.

“A China, por exemplo, começaria a importar 95% de soja e 5% de farelo de soja, depois 90% de grãos, e 10% de farelo; e num outro momento, além dos grãos e do farelo, 5% de frango, daí por diante”, ilustra o presidente do LIDE Agronegócios.

 

ESTRATÉGIA

Para Rodrigues, o Brasil já começou a montar uma estratégia e a mexer nos principais gargalos do agronegócio para atingir a meta traçada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com relatório divulgado em 2011 pela associação, o País precisa crescer 40% até 2020, em relação à oferta de alimentos, para que o mundo obtenha um crescimento de 20% no mesmo período.

Neste caso, a OCDE justifica sua meta, ao levar em consideração as vantagens do Brasil em termos de terras cultiváveis, tecnologia sustentável e força produtiva.

“O atual governo já lança mão de estratégias para alcançar esse crescimento. Por exemplo, os novos processos para a concessão de portos e rodovias, que é um dos gargalos mais relevantes que nós temos. O ministro Blairo Maggi está revendo os recursos do Plano Safra, aumentando a posição do seguro rural, que é um tema central para a renda no campo, e começa a cuidar com o ministro José Serra da questão dos acordos comerciais, pela busca de mercados com países importantes”, ressalta o embaixador especial da FAO/ONU para o Cooperativismo (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).

 

TECNOLOGIA, CRÉDITO E CAPACITAÇÃO

Segundo Rodrigues, o avanço da indústria de alimentos está baseado em três fatores: tecnologia, crédito e capacitação. “Precisamos ser competitivos com tecnologia moderna, alimentos de qualidade, produtos saudáveis e sustentáveis.”

Ainda conforme o ex-ministro, “também é preciso ampliar o volume de recursos para que os investidores brasileiros cresçam sem depender exclusivamente da entrada de capital estrangeiro”. “Por fim, a produtividade brasileira é muito baixa por falta de uma educação profissional consistente, e esse é também um papel do setor privado. Precisamos preparar melhor os recursos humanos.”

 

Por equipe SNA/RJ

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