À beira do colapso – artigo do presidente da SNA, Antonio Alvarenga

Antonio Alvarenga, presidente da SNA

É consenso geral que um dos maiores problemas de nosso agronegócio são os gargalos da infraestrutura de armazenagem e transporte do país. Ao mesmo tempo em que nossa produção, principalmente de grãos, tem evoluído muito rapidamente nos últimos anos, nossa infraestrutura logística, que já não era boa, entrou em quase colapso.

A fila de espera de navios nos portos, em função da falta de capacidade dos terminais, tem sido grande. São dezenas de navios aguardando para atracar. Também há centenas de caminhões em filas para descarregar os produtos nos terminais.

É triste constatar que parte de nossa safra permanece um bom tempo “armazenada” em caminhões. As perdas são incalculáveis, principalmente para os produtores, que tem sua renda reduzida. Também perde o Brasil com esse grave obstáculo ao crescimento das futuras safras.

O governo acordou para o problema e lançou um programa que prevê investimentos de R$ 133 bilhões em rodovias e ferrovias nos próximos 25 anos, sendo R$ 42 bilhões para as rodovias e R$ 91 bilhões para as ferrovias. Há previsão de uma concentração dos investimentos nos próximos cinco anos, no valor de R$ 80 bilhões.

Esperamos que esse programa, fundamentado em um novo modelo de concessões, saia do papel e resolva nosso déficit na área de transportes, tornando o país mais competitivo no mercado internacional e, ao mesmo tempo, proporcione melhores condições de trabalho e remuneração para nossos produtores.

Agora, falta equacionar o problema da armazenagem. Neste caso, foi constituído um grupo de trabalho governamental encarregado de elaborar um plano, que deverá ser apresentado até o final de 2012.

Nossa expectativa em relação à solução dos graves problemas de logística do país é grande. No entanto, preocupa-nos a morosidade típica de nossa burocracia.

Uma coisa é o discurso. A implementação tem outra velocidade. Vamos aguardar.

Fonte: jornal O Globo, 23 de outubro de 2012

 (Foto da capa: Roosevelt Pinheiro / Agência Brasil)   

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