Cafés especiais, um mercado em evolução

Nathan Herszkowicz, da Câmara Setorial de Café do Estado de São Paulo, diz que o consumidor não se contenta mais com o básico
Nathan Herszkowicz, da Câmara Setorial de Café do Estado de São Paulo, diz que o consumidor não se contenta mais com o básico. Foto: divulgação

 

Do coador de tecido, passando pelo de filtro, o mercado de café evoluiu bastante até chegar ao “espresso” e outras preparações mais elaboradas como sachês e cápsulas. O consumo per capta desse segmento já alcança 90 litros por ano e o número de adeptos dos cafés gourmets cresce na faixa de 15% ao ano. “Nos últimos anos, ocorreu mudança de padrão e surgiu um novo consumidor, que não se contenta mais com o básico, quer conhecer a procedência e busca uma proposta de valor, traduzida por qualidade”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de café (Abic), que considera o nicho de cafés especiais um grande mercado para a indústria.

Pesquisa realizada pela Kantar WorldPanel, encomendada pela Abic, revelou que as máquinas de café espresso estão presentes em mais de 850 mil lares brasileiros e os gastos médios com as cápsulas aumentam 6% ao ano. “A dose única virou moda até mesmo com cafés coados: muitas cafeterias já servem e vendem em suas lojas minicoadores para preparo do café na frente do cliente”, comenta Herszkowicz, acrescentando que o faturamento do mercado tem crescido e alcança US$ 800 milhões por ano.

“Embaladas pela demanda por cafés especiais, novas cafeterias têm surgido toda semana, inclusive no Nordeste e no Sul, onde as pessoas estão adquirindo o hábito de consumo da bebida fora do lar”, afirma o diretor-executivo da Abic.

Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), o nicho de mercado de maior valor agregado inclui café de origem certificada (que possui atributos de qualidade inerentes à região onde de origem onde a planta é cultivada); gourmet (de alta qualidade, quase isento de defeitos, proveniente de grãos arábica, com peneira maior que 16); orgânico (além de cultivado exclusivamente pelo sistema orgânico, deve ter especificações qualitativas que agreguem valor e o fortaleçam no mercado); e o café fair trade (consumido em países desenvolvidos por consumidores que se preocupam com as condições socioambientais de cultivo). Segundo a BSCA, o investimento na produção melhora a lucratividade com a cultura, inclusive em épocas de crise do setor, como a atual.

 

Robério Oliveira Silva, diretor-executivo da Organização Internacional do Café. Crédito: Antonio Cruz/ABr
Robério Oliveira Silva, diretor-executivo da Organização Internacional do Café. Crédito: Antonio Cruz/ABr

 

De acordo com a Organização Internacional do Café  (OIC), em 2013, o consumo mundial de café deve alcançar 146 milhões de sacas de 60 kg, ante 142 milhões no ano passado. O diretor-executivo da entidade, Robério Oliveira Silva, acredita que o aumento de 2,8% previsto no consumo poderá reequilibrar o mercado de café, cujos preços desabaram pelo excesso de oferta.

“Os preços do café em grão caíram mais de 30% em dólar e atingiram os menores níveis dos últimos 10 anos, e o momento é de preocupação, em razão de excedente de café no mundo”, analisa Herszkowicz, lembrando que o cenário atual exige soluções de sustentabilidade no longo prazo. A Abic prevê crescimento de 3,5% na produção, neste ano, para 21 milhões de sacas de sacas de 60 kg.

Por Equipe SNA/SP

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