Arroz: em outubro, os preços mundiais registraram novamente tendências mistas

O mercado gaúcho do arroz em casca registra uma recuperação parcial de 2,18% nos preços durante os 16 primeiros dias do mês de novembro. O indicador de preços para o produto de 50 kg no Rio Grande do Sul Esalq/Senar-RS nesta quinta-feira, 16 de novembro, marcou referência de R$ 37,55 para o arroz com 58% de quebrados. Acima dos 62% há negócios reportados na faixa dos R$ 40,00 na Zona Sul e no Litoral Norte. A Depressão Central, porém, amarga cotações mais baixas, na faixa de R$ 36,50 a R$ 37,00.

Este novo patamar de negócios sepulta a possibilidade de o governo federal intervir no mercado por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) que mobilizou as lideranças gaúchas. O balizamento realizado pelo Cepea/Senar-RS, por outro lado, indica que o dólar cotado na faixa de R$ 3,27 a R$ 3,30, ao contrário dos R$ 3,12 a R$ 3,15, mantém as referências de preços internacionais em faixa de US$ 11,46, que enxuga a competitividade do arroz do Mercosul.

Tal comportamento do mercado condiz com o momento de baixa oferta local e dos países vizinhos, e com o menor interesse de venda por parte dos arrozeiros, muito comprometidos com o atraso da colheita do arroz. Quem concluiu as operações já está plantando soja também contra o tempo, e busca recuperação dos estoques das pequenas e médias indústrias. No caso da soja, encerrou nesta quarta-feira, no feriado de Proclamação da República, a época ideal de cultivo, segundo as instituições de pesquisa.

No mercado livre gaúcho, os preços variam entre R$ 36,50 e R$ 37,50, dependendo da região. Nos polos de processamento de Camaquã e Pelotas, mais próximos do porto, os negócios permanecem entre R$ 37,00 e R$ 38,50. Em Santa Catarina, os preços médios variam entre R$ 37,50 e R$ 39,00, com oferta muito enxuta, e no Mato Grosso, praticamente sem oferta, os preços referenciais no “Nortão” mantiveram-se estáveis em R$ 42,50. No Tocantins, no entorno da Lagoa da Confusão, os preços médios são de R$ 53,50, com pequena reação desde o início do mês.

Safra

A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a produção nacional será menor que a safra passada, entre 6,3% e 3,7%, ficando entre 11.55 e 11.87 milhões de toneladas.

Ainda atrasada, a semeadura do arroz no Rio Grande do Sul volta a ser prejudicada pelas chuvas que voltaram nesta quinta-feira ao estado. Se para quem está atrasado traz mais ainda mais demora para plantar, quem concluiu a semeadura está feliz com a semana de calor, sol intenso e chuvas para ajudar na emergência das plantas.

O plantio gaúcho avançou após uma semana de tempo firme nas regiões produtoras. Segundo dados oficiais do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), até o dia 16 de novembro 831.790 hectares ou 77,14% do total estimado de 1.078.279 hectares para safra 2017/18 foram plantados. Há uma semana eram 614.622 ha, 57% da intenção de plantio verificada em agosto.

A previsão de La Niña de fraca intensidade e clima mais seco até março não preocupa a maior parte dos produtores, considerando a boa reposição dos mananciais de água no inverno e primavera. Exceção feita aos produtores que estão abastecidos por arroios que costumam secar no verão.

Tem preocupado os produtores a falta de uniformidade na emergência do arroz em boa parte das lavouras. Uma das razões atribuídas é o frio noturno que tem ocorrido em muitas regiões e, claro, as falhas no plantio, que foi acelerado para aproveitar algumas janelas ou ocorreu com o solo ainda com algum excesso de umidade e não nas perfeitas condições de plantar.

Os preços se mantêm abaixo dos custos de produção, num ano em que raros orizicultores não fecharão com as contas no vermelho por causa da relação custo de produção x preço de venda.

Exportação

Se por um lado a projeção de queda nas compras externas, pelos baixos estoques remanescentes para ofertar, pode ajudar na alta dos preços, de outro lado os operadores de negócios do setor seguem de olho no “line up” do porto de Rio Grande (RS), que indica pouco movimento de exportação em novembro.

Isso demonstra que houve uma concentração das vendas quando os valores estavam em médias de R$ 35,00 a R$ 36,00 no estado, e que agora arrefece em novembro com a gradual recuperação dos preços, mesmo com a desvalorização de R$ 0,12 a R$ 0,15 perante o dólar, que fechou ontem, dia 16 de novembro a R$ 3,27.

A boa notícia é que, além de um barco com 20 mil toneladas de quebrados de arroz para a África, foi fechado um contrato de venda para Cuba de 30 mil toneladas de arroz branco (base casca) a US$ 445,00 a tonelada. O produto será embarcado próximo ao Natal. Os quebrados de arroz vêm mantendo o movimento externo brasileiro.

Mundo

O informativo mensal do mercado mundial do arroz, do economista Patrício Mèndez del Villar, do Cirad francês, registra que em outubro os preços mundiais marcaram novamente tendências mistas. A queda na Tailândia, Índia e Paquistão contrasta com a firmeza nos Estados Unidos e no Vietnã, onde as disponibilidades exportáveis seriam mais escassas.

No geral, os mercados asiáticos devem seguir tendências baixistas, pelo menos até o início de 2018, com a chegada progressiva da nova colheita principal. As colheitas serão satisfatórias, exceto na Índia, onde a produção pode baixar 1,4%. No Vietnã também a produção pode cair em função do excesso de chuvas. Ainda assim, as disponibilidades exportáveis mundiais devem ser satisfatórias e os estoques mundiais podem registrar novo aumento em 2018.

As perspectivas de comércio mundial foram elevadas, marcando um aumento de 8,5% em 2017. Em outubro, o índice Osiriz/InfoArroz (IPO) se manteve estável em 199,3 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 199,7 pontos em setembro. No início de novembro, o índice IPO seguia estável.

Mercado

A corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 37,50 para a saca de 50 quilos do arroz em casca (58 x 10) no Rio Grande do Sul. Em sacos de 60 quilos, branco, Tipo 1, sem ICMS, o produto tem referência de preços em R$ 79,00. O canjicão e a quirera, ambos em sacas de 60 quilos, mantêm cotações de R$ 52,00 e R$ 43,00 com a boa demanda do mercado externo. O farelo de arroz, com destino às indústrias de rações do Vale do Taquari, é cotado a R$ 360,00 a tonelada.

Preços ao consumidor

Apesar das pesquisas do Dieese mostrando um 2017 com forte baixa nos preços do arroz ao consumidor, de 8% até 27% em algumas capitais, nos supermercados de Florianópolis, Joinville, Porto Alegre, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul e Caxias do Sul notou-se leve reação nos preços neste início de mês e a substituição de marcas de menor expressão por marcas próprias, dos supermercados, como produtos em ofertas.

Ainda assim, a média do quilo de arroz branco, Tipo 1, facilmente encontrada a R$ 1,98 no final de outubro, agora não baixa de R$ 2,20 na maioria das lojas. Os pacotes de cinco quilos do Tipo 1, encontrados até a R$ 8,99 em algumas redes (Vivo, Super e Walmart) há um mês, agora superam os R$ 10,50 na maior parte das lojas. Isso pode indicar uma queda dos estoques, da oferta e da competitividade das pequenas e médias indústrias, considerando que dezembro, janeiro e fevereiro são meses de queda no consumo de promoções mais fortes do varejo.

A gordurinha formada ao longo do ano pode estar no final para muitas empresas, que precisarão ir ao mercado para repor seu giro. Por outro lado, pode ser apenas uma estratégia comercial das redes varejistas. De qualquer maneira, fica evidenciado que houve uma mudança na flutuação dos preços mais baixos. As marcas tradicionais operam com valores do quilo mais próximos ou até superiores a R$ 3,00.

O anúncio, pelo governo federal, provocado pela Federarroz, de que estará atento à fiscalização da qualidade do arroz que tem sido vendido no Brasil, é importante e será mais ainda se realmente as operações forem colocadas em prática.

Mesmo no Rio Grande do Sul são vistas marcas de menor expressão nos supermercados com preços de oferta incomparáveis, mas com um volume de gessados, amarelados e quebrados bem superior à média da qualidade presente nas marcas tradicionais – sinal de que alguns consumidores podem estar levando Tipos 2 ou 3 por Tipo 1 em algumas regiões.

Tendência

O mercado indica uma tendência de recuperação gradual em novembro, que deve permanecer em dezembro, quando não haverá oferta para a quitação de parcela de custeio. Ainda assim, o cenário indica a entrada, na próxima safra, com preços abaixo dos patamares de 2017, e obviamente abaixo do custo de produção.

 

Fonte: Planeta Arroz

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp